domingo, 22 de agosto de 2010

A oração da Biodiversidade

Bendigamos a vida, bem-te-vi, bem-te-vejo,
Para que bem nos vejamos.
Que tenhamos olhos de bichos e árvores como promessas de luz.
Que sejamos peixes na tranquilidade do profundo azul...
E que nos berçários de vida ouçamos o choro de um rio como um acalanto.
Também bendigamos a manhã, arara-aurora, o pássaro da luz.
Para que  seja estabelecido  um novo acordo  do humano e  o ambiente onde vigorem a Cordialidade e a compreensão do Todo.
Para que façamos brilhar  nossa luz interna.
Que se elabore uma nova ética, onde exista o respeito  ao direito  de ser e de viver de cada uma das partes.
Para que  a educação  reconcilie o ser humano  com o universo.
Com o exemplo de cooperação da árvore e da orquídea. Uma promove o amparo, a outra o encantamento.
Que aprendamos a adivinhar o tempo  do descansar  e de se retirar....
Como as formigas moribundas diante da passagem.
E estejamos ao mesmo tempo com o olhar voltado  para o centro e o Cosmo.
E que , após o sono de transição , nossa esperança renasça sob a benção silenciosa dos vegetais para que o canto de um pássaro distante e invisível nos diga:
Sem-Fim..Sem-Fim....Sem-Fim.....
E que na terra, como o inseto, de joelhos , louvemos-a-Deus , recolhendo as amostras enviadas do paraíso celeste: a natureza, a música e as mães. Sem que a humanidade mesmo o saiba.

Autor: Médico - veterinário Lélio Costa e Silva.

Fonte: Revista Caminhos Gerais -ano 2010. nº 22.

Foto: arquivo pessoal.